sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Tempo - dono de tudo

Todos os dias escutamos que o tempo é responsável por curar toda e qualquer ferida, independente do buraco que ela tenha te causado. Com toda certeza, não tenho paciência para esperar o tempo me curar, o buraco deixado no meu peito é tão grande que tem dias que não consigo respirar. Hoje é um dia desses, na verdade, essa semana tem sido assim. Olho para o celular afim de encontrar uma salvação, a espera de um "vou te ver" ou um "vem me ver", não sei, qualquer coisa que faça referência a um reencontro, mas não, muito ao contrário do que espero recebo apenas indiferença. Por cuidado pessoal talvez? Talvez. Bom que pelo menos alguém esta se cuidando, se protegendo e superando todo o caos. Eu, por hora, choro. Sinto como se vivesse em eterno luto, sinto falta do cheiro, do abraço apertado, dos domingos de folga onde só curtiamos nós e nosso chamego. Sinto falta do que construímos, do nosso lar, dos banhos em conjunto, das fofocas, dos passeios com a Luna. Sinto falta dos almoços inventados, dos churrascos mal feitos, só sei sentir a falta do amor que eu mesma destrui. E é sempre assim, eu sempre saboto tudo o que me faz bem. Parece que não sei ser amada, porque quando tudo está tranquilo, resolvo acabar, ou fazendo merda, ou sei lá, eu simplesmente acabo com tudo o que há de bom em meus relacionamentos. As vezes acho que gosto de sofrer, será? Parece. Gosto do fardo de que tudo acabou por minha culpa, gosto de me rebaixar indo atrás da pessoa, será que é isto mesmo? Gosto de ser pisada e não amada? Não sei, talvez. No final as pessoas se tornam indiferentes, se afastam, eu me despedaço e tento me reconstruir. Talvez dessa vez eu não tente, não sei se quero. Com o tempo (olha ele ai, o dono de tudo), a gente se acostuma a ser caco e se, pensarmos que no final da vida, quando morremos, viramos pó, ser caco é só um processo para chegar no final de toda história da humanidade: voltar ao pó.